O CECI concluiu os serviços de escoramento e restauro dos forros do Salão Nobre e da sala anexa do 1º andar do casarão sede da FACEPE - Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco, localizado na Rua Benfica, bairro da Madalena, cidade do Recife, em Pernambuco.
Os trabalhos foram iniciados em dezembro/2010 a partir de um laudo elaborado pelo CECI, através de uma vistoria no imóvel com o arquiteto especialista em conservação e restauro, Jorge Eduardo Lucena Tinoco, acompanhado do Diretor Presidente da FACEPE, Dr. Diogo Ardaillon Simões, verificando-se in loco a precariedade dos danos no forro em estuque do Salão Nobre e do forro de madeira da sala anexa a esse salão, bem como na estrutura, trama, coberta e demais componentes construtivos do telhado do casarão.
Pertencendo o casarão à Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, e estando cedido ao Governo de Pernambuco desde a década de 1970, e tendo sido restaurado naquela década pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, o laudo foi submetido pela FACEPE à FUNDARPE (1). Essa Entidade enviou então o técnico Roberto Carneiro para constatação dos fatos relatados.
A vistoria teve o objetivo de constatar e informar sobre o então preocupante estado de conservação de certos ambientes do casarão, situação que implicava em risco de danos a pessoas e ao patrimônio histórico.
O forro em estuque do Salão Nobre do casarão, bem como o forro de madeira da sala anexa a esse salão apresentavam risco iminente de desabamento em razão do comprometimento de sua estrutura de sustentação pelo ataque de insetos xilófagos. Tal situação demandava intervenções urgentes para o escoramento ds forros, empreendendo-se imediatamente a seguir os respectivos restauros com o emprego de técnicas que mantiveram o imóvel dentro das características histórico-artísticas originais.Atendendo às recomendações do laudo do CECI e, considerando o risco de desabamento, a FACEPE interditou o uso e a permanência de pessoas nos referidos ambientes (Salão Nobre e sala anexa) e, diligentemente, providenciou a contratação emergencial dos trabalhos, a saber, o escoramento seguido de restauro dos forros do Salão Nobre (65 m2) e da sala anexa (27 m2), bem como a limpeza e o mapeamento da estrutura de todo o forro do casarão (390 m2), tarefas prévias indispensáveis aos outros trabalhos de conservação do telhado, dos revestimentos de platibandas, dos algeroz e das calhas.
As imagens a seguir são esclarecedores quanto ao então estado de conservação dos mencionados ambientes:
Os trabalhos contratados emergencialmente foram os seguintes, os quais foram especificados a partir das recomendações contidas no meniconado laudo:
1. Escoramento dos forros do Salão Nobre (estuque) e da sala anexa (madeira)
O escoramento foi especializado em razão da necessidade de se proteger o estuque e seus elementos artísticos (ornatos). As escoras tomaram como ponto de apoio o piso do pavimento térreo em razão de não se poder avaliar naquele momento o estado de conservação do madeiramento estrutural dos assoalhos do primeiro andar do casarão. Por outro lado, os pontos de contato das escoras com os forros foram convenientemente protegidos de modo a não causar danos nos ornatos de gesso e nas modenaturas das tábuas de madeira.
2. Preparação do restauro dos forros
Foi realizada uma limpeza geral do intradorso da cobertura, removendo-se os entulhos do antigo sistema de ar condicionado. Esse serviço foi realizado somente após o escoramento, para evitar o risco de que as vibrações pelo trânsito de pessoas, equipamentos e pesos sobre o madeiramento da estrutura dos forros ocasionasse o colapso dos forros comprometidos. Após a limpeza, foi realizado o mapa de danos (documentação gráfico-fotográfica) das estruturas e tramas dos forros com a finalidade de orientar as intervenções e de se garantir as ações futuras de inspeção e manutenção dos forros. Todo o trabalho teve como princípio basilar a garantia da autenticidade e integridade artística e estético-histórica dos componentes construtivos.
3. Restaurações dos forros do Salão Nobre (estuque) e da sala anexa (madeira)
Os trabalhos foram feitos pelo intradorso, onde se:
[a] procedeu à substituição do madeiramento estrutural deteriorado com madeiras de lei, absoluta e adequadamente seca para se evitar retrações e empenos posteriores;
[b] reforçou as ancoragens já existentes que apresentem sinais funcionais de instabilidade no médio e longo prazo;
[c] substituiu ou se aplicou (conforme caso) um tratamento anticorrosivo em antigos componentes metálicos de fixação;
[d] realizou o “grampeamento” de toda a área do estuque com fibras naturais tratadas, conforme técnica tradicional, como ação preventiva de reforço a fim de se aproveitar o custo da oportunidade dos trabalhos;
Vejam-se as imagens dos primeiros procedimentos nos trabalhos dos forros:
Procedeu-se ao levantamento minucioso do forro de estuque, mapeando-se sua geometria e detalhes construtivos para identificação dos das causas, origens e natureza dos danos:
Durante os meses que se seguiram até dezembro/2011 varios desafios técnicos foram enfrentados e superadospela equipe de professores-instrutores do CECI (2), resultando num trabalho final satisfatório. Todo os osprocedimentos e detalhes da execução poderão ser obtidos no Texto para Discussão a ser lançado no mês de fevereiro/2012 próximo. Vejam-se as imagens do forro concluído:
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(1) O casarão sede da FACEPE é um imóvel tombado pela FUNDARPE, no âmbito do processo no 1021/80 (Lei no 7970/78), e integra o conjunto arquitetônico do Benfica, protegido pelo Decreto Municipal no 11.882/81.
(2) Responsável Técnico e coordenador geral, arquiteto Jorge E. L.Tinoco; levantamento e mapeamentos de danos, arquiteta Luciana N. Pessoa; escoramentos e carpintaria, mestre José Floriano de Arruda; estuque e pintura, arquiteta Karla Grimaldi.